terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Praxe: há que mudar tudo, para que tudo fique na mesma

Quanto às outras universidades não sei, mas será mesmo muito difícil desenraizar a Praxe da Universidade de Coimbra, por muito que se tente. Periodicamente, será preciso alterar/adaptar algumas coisas (o que é normal em qualquer instituição, veja-se, por exemplo, as transformações que o conceito de casamento sofreu ao longo de séculos). Mas vai mudar para ficar tudo na mesma, como diria D. Fabrizio em “O Leopardo”, esse grande clássico de Giuseppe di Lampedusa.

Uma pergunta simples: mas o que é ao certo que os radicais querem acabar na Praxe? É que, ao que sei, na maior parte das instituições de ensino superior, a praxe resume-se aos rituais de iniciação dos caloiros.
Mas, que eu saiba, a Praxe em Coimbra é um conceito muito mais vasto que envolve a possibilidade de:

- praxes de recepção aos caloiros;
- participar na iniciativa Queima Solidária;
- assistir às Serenatas Monumentais na Sé Velha (da Queima e da Latada);
- traçar a capa com solenidade aos primeiros acordes do fado na Serenata;
- participar em actividades da Semana Cultural e Desportiva da Queima das Fitas;
- participar na Bênção das Pastas;
- participar na Récita das Faculdades;
- participar/assistir à Regata Internacional da Queima;
- participar/assistir ao Sarau Cultural da Queima das Fitas;
- entrar na iniciativa da Venda da Pasta (que recolhe fundos para a instituição de solidariedade Casa de Infância Doutor Elysio de Moura);
- participar na Verbena (um lanche e um pequeno espectáculo organizado durante a Queima das Fitas pelos estudantes da Universidade destinado às crianças da Casa Elysio de Moura);
- juntar-se a um grupo de fados, e tocar e cantar nas ruas da Alta, à noite;
- ir à Garraiada;
- entrar no cortejo da Festa das Latas;
- ir ao Chá Dançante e ao Baile de Gala das Faculdades;
- fazer o baptismo do caloiro no Mondego;
- dar o nabo a morder aos caloiros no cortejo da Latada;
- na Latada pôr o Grelo na pasta, e na Queima usá-lo na lapela;
- viver as Queimas das Fitas (Noites do Parque, e não só);
- queimar o Grelo e pôr Fitas Largas;
- integrar trupes;
- levar cartola no último ano;
- construir o carro do curso para o desfile da Queima;
- integrar o Livro de Curso (a plaquete);
- ir no desfile dos carros da Queima das Fitas;
- fazer o rasganço.

(Para já não falar na possibilidade de se fazer parte de qualquer uma das dezenas de Secções desportivas e culturais da Associação Académica de Coimbra, ou de qualquer um dos seus Grupos Académicos e dos seus Organismos Autónomos).

Pois é. Tantas actividades que a Praxe envolve e que tão poucos (de fora) sabem… É com tudo isto que querem acabar? Bem, é capaz de ser uma tarefa um pouco mais difícil e morosa do que imaginam.

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