terça-feira, 7 de maio de 2013

Sacrilégios


Os pastéis de Belém, para mim, não são nada de especial. Mas nada, nada mesmo. Não compreendo all the fuss acerca deles.

Controlo social

Acudiu-me ao pensamento a lembrança de dois momentos cinematográficos que me impressionaram muito. A cena da delapidação (literal) em praça pública da jovem viúva (interpretada por Irene Papas), em Zorba, o Grego (um filme sobrevalorizado), e a espécie de delapidação física e moral da personagem de Giuseppe Tornatore, Maléna, protagonizada pela Monica Bellucci (no filme homónimo que, por sua vez, foi subvalorizado).

Apesar de na história do cinema existirem cenas muito mais dramáticas, a inesperada e desmesurada violência destas duas cenas choca, até pela total impunidade dos culpados, em ambas as situações. Impunidade, porque houve legitimação social. Aliás, os dois crimes são a expressão consumada de um fortíssimo dispositivo de controlo social: a cobiça masculina e a inveja feminina, exercidas cruelmente sobre uma mulher que está "desprotegida".

Dir-me-ão que são cenas do passado. Talvez. Só sei que provêm de dois países com uma matriz cultural próxima (Itália e Grécia) e que espelham uma realidade: a vulnerabilidade da mulher jovem, bela e sozinha, que ousa ter livre arbítrio sobre o seu corpo e a sua vida pessoal.


[post reeditado]

segunda-feira, 6 de maio de 2013

+ Platão - Prozac

Nesta terra há um muro com uma inscrição assim. Deverei ler a Alegoria da Caverna, sempre que vir que ainda me faltam muitos meses para ter férias?


*Por favor, agora não me venham dizer que nas outras cidades também há graffiti fixes destes, vá lá.

Something blue

Na festa de um casamento, à mesa do jantar, havia uma rapariga que também se tinha casado há pouco tempo. A certa altura comentou-se o costume de as noivas levarem "something old, something new, something borrowed, something blue", para dar sorte. Mas a recém-casada, disse, com leda displicência, que não conhecia nada disso. Para choque das outras jovens convidadas, que ficaram petrificadas com essa brutal indiferença para com as sagradas tradições nupciais. Tanto, que as boas almas quiseram logo averiguar o que é que a rapariga afinal tinha usado no dia do seu casamento. Para (algum) alívio de quase todas, chegaram à conclusão que ela tinha usado tudo a preceito, mas faltara-lhe a coisa azul. E ela perguntou, a rir-se, com insuperável inocência: "Mas era mesmo preciso uma coisa azul?"
Sorri com esta cena. Há pessoas que estão tão confiantes e seguras do passo que estão a dar na vida, que não precisam de se agarrar a superstições estúpidas. E, caramba!, tenho que aprender com gente assim.