domingo, 26 de junho de 2011

Tão pequena e já com grandes questões metafísicas







"És tão bonita! Porque é que ainda não tens marido?"


(Disse-me a I., de 8 anos.)





Tenho muita pena que o meu estado civil perturbe o conforto e a segurança das concepções do mundo produzidas por inocentes mentes infantis. Que coisa, pá.

Yes, week end






O lema do Obama, em versão paradisíaca e com periodicidade semanal.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tinhas razão







Querem lá saber dos livros que se lê. Querem lá saber das opiniões que se tem. Querem lá saber das cicatrizes debaixo da roupa. Querem lá saber do rosto debaixo da maquilhagem. Querem lá saber do ser humano por detrás da eterna mise-en-scéne.

Poder de síntese

- Vamos sair?
- Hum, estava aqui a ver um documentário sobre a Guerra Civil americana…
- Deixa-me abreviar-te a história: o Norte ganha. Vamos sair?

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Contraste

Keira Knightley, fotografada por Lorenzo Agius

But necessity is indeed the mother of invention









Little Women (1994), de Gillian Anderson, cuja acção decorre nos EUA, durante a Guerra Civil.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Já chegou o Outono?





Isto é tão a minha cara.



(In your face, Verão.)



E pessoas inocentes também tiveram de presenciar isto

Uma amiga minha casou-se, em cerimónia religiosa, envergando um escaldante corpete cai-cai, de cabedal vermelho muito justo, e saia de tule à bailarina, a condizer.

Os túmulos de D. Inês de Castro e de D. Pedro tiveram de presenciar isto

Tive pena de não ir ao casamento de uma colega, em que o noivo desmaiou na hora de dizer o "sim". Ficou estendido no chão do altar e tiveram de lhe levantar as pernas para cima para reanimá-lo. A noiva, em grande solidariedade para com o homem que escolheu amar e respeitar para sempre, só se ria.


(Está certo que estavam 40 graus nesse dia de Agosto, mas dentro do Mosteiro de Alcobaça costuma estar fresquinho.)

Mais nervosa que a própria noiva



Recebi um convite para ir ao casamento de uma amiga.




Isto é tão inédito que, na minha idade adulta, só fui a um único casamento (os meus amigos não se casam, juntam-se. Ou nem isso). Os noivos conhecem-se há quatro meses. A cerimónia vai ser algo formal. Portanto, isto apanhou-me de surpresa, e agora estou muito entusiasmada e nervosa.


Dir-me-ão que este estado de excitação só se compreende na própria noiva. Quero lá saber. A noiva já tem o destino dela traçado para toda a vida. E eu ainda não. Logo, tenho de ser a convidada de casamentos mais gira e bem vestida de todo o sempre.


O que me remete para as seguintes questões prementes:



-- que vestido usar? em que loja o encontro? que sapatos escolher? que penteado levo? a que cabeleireiro vou? quem é que me vai maquilhar? onde é que encontro pochettes giras? será que posso levar um chapeuzinho à Kate Middleton?



Isto é muita pressão, e tenho três meses para preparar tudo. Vou ali tomar quatro Valdisperts e deitar-me um bocadinho no sofá. Volto já.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Outras histórias do destino








Das histórias ditas "de amor" reais, há sempre uma que, em certos aspectos, supera as outras, porque geradora de perplexidades. Quem sabe um pouco da biografia de Karen Blixen (nascida em 1885), sabe do que falo.




A autora dinamarquesa do romance "África Minha" e do livro de contos "A festa de Babette e outras histórias do destino" teve uma ligação, irregular, de vários anos, com o britânico Dennis Finch-Hatton. O cenário da relação amorosa foi sempre o Quénia, onde ambos viveram a dada altura. Ela era (mal) casada, dona de uma fazenda de café pouco promissora. Ele era um drifter, um aventureiro.




Depois de uma adaptação a África e a um casamento falhado, após muitas dificuldades para salvar a sua fazenda, e depois de cerca de cinco anos de ligação e duas gravidezes falhadas, Karen soube que Dennis teve um acidente de aviação fatal, em 1931. Assim. Sem mais nem menos. Karen deixou o Quénia pouco depois, nunca se voltou a casar nem teve filhos, e sagrou-se como escritora mundialmente reconhecida.

Material bélico e munições para o Verão











Girl, interrupted (5)






Judy Garland

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma (rapariga) crítica


















A single man” (2010), de Tom Ford.




O ar blasé daquela «Lois» é antológico. E a androginia do amiguinho dela também. E a decadência desfeita da personagem da Julianne Moore? Magistral. O Colin, estava com énnui, como sempre (bom, portanto, mas sempre naquele registo de que todos lhe devem e ninguém lhe paga).



Serei só eu que achei demasiado evidentes… e até previsíveis aquelas mudanças cromáticas (a nível da fotografia do filme) consoante os estados de alma da personagem principal?

Sinopse

Jack, o mais velho de três irmãos, cresce dividido entre duas visões divergentes da realidade: o autoritarismo de um pai, ambicioso e descrente, com quem vive em perpétuo conflito, e a generosidade e candura de uma mãe, que lhe dá conforto e segurança.”



Sinopse do filme “The Tree of Life” (2010), de Terrence Malick.

domingo, 19 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Panfleto turístico












Pode parecer um bocadinho bipolar em relação ao post abaixo (ah e tal, primeiro gozas, depois promoves), mas não é. Até acho que já disse isto aqui, se passarem um dia por Atenas, façam o favor de visitar o novo Museu da Acrópole. É um dos museus mais interessantes que alguma vez visitei.
(Só não o visitem depois de estarem duas horas a beber ouzo numa Taverna típica da Plaka.)

Do berço às ruínas: uma tragédia grega




Não me perguntem se este é o Teatro de Dionísio ou se é o Teatro de Herodes. São ruínas gregas e confundo sempre os dois. Sei que pertencem ambos ao grande conjunto de ruínas da Acrópole de Atenas, o famoso complexo arqueológico. Podem ser visitados, assistir-se a espectáculos usufruindo da sua esplêndida acústica, ou apenas admirá-los cá de cima, mesmo antes de passarmos pelos Propileus (guess what?, mais ruínas).
E só sei que qualquer um destes teatros seria o cenário perfeito para um belíssima representação trágica que se poderia intitular “De como passámos do “Berço da cultura europeia” para sermos a “Ruína do Banco Central Europeu»”.
É impossível ignorar a força simbólica (e irónica) da coisa. Tudo ruínas. Estes gregos só me dão (más) ideias. São uns castiços.

Apertem os cintos (de segurança, claro)





Parece um pesadelo. Mas não é.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Perfect match (2)

Pode haver casais “perfeitos”, no sentido em que funcionam. Mas, de facto, relações perfeitas são uma quimera.

Perfect match








Ele era sonhador. Ela era pragmática.

Must have been love

Sofia, a esposa de Tolstoi, copiou sete vezes à mão as mil páginas do manuscrito de “Guerra e Paz”. Isto, tal como plasmado na (sapientíssima e intensíssima) poesia das letras dos Roxette, deve ter sido amor.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Boca do inferno





Esther Cañadas

Semiótica pessoal



Quase vinte anos depois



Outros vestidos













Clicar nas imagens para ver melhor.

Uma coisa é entrar no escritório de Napoleão em Fontainebleau, ou no quarto do Rei Sol em Versalhes, e tentar imaginar a atmosfera que os rodeava.


Outra coisa, com ainda mais autenticidade e subjectividade, é estar perante uma peça pessoal de vestuário que atravessou os séculos, um fragmento de História anónimo, privado, particular. Um objecto dentro do qual alguém, respirou, suspirou, se emocionou, falou, pensou, amou, viveu. Conseguiremos imaginar o que sentiu uma princesa nórdica do século XVIII quando se vestiu para o dia do seu casamento? Sentir-se-ia um joguete no xadrês político europeu? Ou uma simples adolescente nervosa com a proximidade da noite de núpcias?



Foi isto que pensei quando vi estes dois vestidos magnificamente preservados, em exposição em Copenhaga. E foi isto que recentemente tão bem me recordou a Carina, que, além de ter um dos meus blogues favoritos, partilha comigo esta peculiaridade de admirar preciosidades que um dia alguém envergou.



Quando vi as peças das fotos acima, o coração quase me parava: nem sabia que se podia ver ao vivo vestuário tão precioso e tão bem restaurado. E, no meio da emoção, e por entre muitas manobras de diversão para conseguir registá-los em fotografia (daí a pouca qualidade das imagens), ainda consegui reter que o vermelho é um vestido de gala do século XIX e o prateado é o vestido de casamento de uma princesa dinamarquesa com um monarca sueco, de 1705 (não, não é uma cómoda com uma colcha por cima).
Estes também não estão nada mal, pois não, Carina? :)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não se começa uma casa pelo telhado

Romy Schneider e Alain Delon, no início dos anos 60




O lendário laivo trágico que pontua, não raras vezes, a trajectória pessoal de algumas mulheres de grande beleza física e de exposição mediática mundial, tem sempre algo de comovente. (A beleza envolve sempre finitude, fragilidade e algo de comovente.)

E mais ainda, quando é nítido que, a somar a uma sucessão de infelizes acasos e de homens indesejáveis, a estrutura psicológica também não é muito resistente a grandes actividades sísmicas, em termos emocionais.

Antropologia Cultural (2)











A tribo Yanomami, que significa "a nossa gente" (América do Sul)

sábado, 4 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vestidos de culto - Parte II


Dificilmente considero qualquer evento social português digno de nota, e sobretudo em termos de moda ou de estilo, uma vez que a saloiada nacional atinge por vezes dimensões insuperáveis, senão mesmo inimagináveis, quer a nível de roupa quer a nível de quem a usa.


No entanto, este ano (e, como se pode ver, muito tardiamente), concedi alguma atenção ao que se passou nessa desgraça mediática que são os Globos de Ouro.


O resultado foram três vestidos (e respectivos looks), os únicos que considero merecedores de atenção e que se destacam em termos de grande elegância.


São eles o refinadíssimo BCBG da Sónia Balacó, o fabuloso Carolina Herrera da Sofia Carvalho, e o sublime estilo ballerina da Maria João Bastos.













quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pois é




Elizabethtown (2005)


Jack the stripper

Certas ocasiões, mais ou menos solenes, talvez não sejam os momentos mais adequados para um lapsus linguae. O que torna tudo mais hilariante é que acontece precisamente às pessoas mais pudicas.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vestidos de culto - Parte I (um post para descontrair da febre reprodutora que para aí anda)

























Travesti

Um pouco na sequência do post anterior: estou em choque. Uma pessoa que conheço utilizava correcta e regularmente um aparentemente fiável método contraceptivo de uso bastante generalizado e, que diacho!, está grávida.

Digo-vos, há espermatozóides que não são gâmetas: são o Mafarrico himself, travestido de célula sexual.

Darwinismo feminino

Monica Belluci, aos 44.
Rachida Dati, aos 42.





Penelope Cruz, aos 36.





Carla Bruni, aos 43.





Ouvi dizer há dias, por uma profissional de saúde, que a idade reprodutora ideal para uma mulher é por volta dos 25 anos, quando estão reunidas todas as condições biológicas para se gerar um filho. Porque, certamente, a Natureza é autista e está-se nas tintas para contratos de trabalho a termo certo ou para o preço das consultas de pediatria.




Como boa rapariga das ciências sociais que sou, puxo a corda do outro lado. Que é, basicamente: a biologia que se foda. Os contextos socio-económicos (e culturais, também, porque não) sempre foram muito mais determinantes do que meros impulsos fisiológicos.




Há todo um novo darwinismo emergente: a maioria dos organismos femininos (para não dizer quase todos) vão simplesmente ter que se adaptar aos novos tempos e ritmos sociais, e a principal fase de fertilidade desliza para a faixa dos 34-45 anos. Remark my words. Tal e qual como aconteceu com a obsolescência dos dentes do siso.